Frequentemente ao final de uma análise ergonômica recebo a seguinte pergunta: “Qual a melhor cadeira que existe no mercado?” Vejamos porque essa é uma das perguntas mais difíceis de responder…

Pra responder essa pergunta, precisamos compreender o conceito de “melhor”. Como designer de produto tenho uma visão bem crítica sobre o assunto, e acredito que um bom produto deve, além de atender às normas brasileiras, ser durável e de fácil manutenção.

Durável não apenas no sentido físico e no aspecto, mas principalmente na composição dos materiais que farão a sustentação do seu corpo. Então, vale verificar não apenas a densidade da espuma, mas por quanto tempo ela vai se manter com essa densidade.

A primeira coisa que você deve verificar é se o produto tem o selo e o certificado do INMETRO. Isso vai garantir que todos os ensaios foram realizados corretamente e aquela cadeira é adequada para aquele uso. De imediato, posso garantir que cerca de 80% dos produtos que temos no mercado não possuem isso, logo, fuja desses produtos.

Outra dica importante é verificar se o produto conta com um laudo técnico realizado por um ergonomista Certificado pela ABERGO, isso vai garantir que o produto atende às exigências da NR-17. Algumas fábricas, principalmente estrangeiras, contam com ergonomistas para o desenvolvimento de seus produtos e consegue garantir as mesmas exigências.

É importante verificar a possibilidade de manutenção e reposição de peças, afinal de contas, todo produto sofre um desgaste com o tempo ou pode ter peças avariadas por uso incorreto.

Temos então uma difícil missão pela frente, encontrar um produto que atenda a tudo isso no mercado nacional e tenha um preço convidativo. Pois bem, não existe preço convidativo se pensarmos a curto prazo.

Exatamente. Não encontrarás uma cadeira de escritório por menos de R$ 600,00. A curto prazo, parece um custo alto, mas a longo prazo é um belíssimo investimento. Considerando a garantia da maioria das fábricas como 02 anos, temos um custo mensal de R$ 25,00, porém se mantidas em boas condições de manutenção, esses mesmos produtos podem durar até 07 anos, com o investimento passando a incríveis R$ 7,15 por mês, para evitar problemas relacionados à manutenção da coluna lombar.

É tudo uma questão de perspectiva. Em um país onde a saúde é precária e cara, o lema “prevenir é melhor que remediar” torna-se evidente. E obter bons produtos faz parte desse plano de investimentos. Lembrando que os custos com afastamentos tem aumentado nos últimos tempos, em uma tentativa do governo, de forçar as empresas a investir em saúde e segurança, desonerando o sistema público.

Tudo bem, mas qual marca você indicaria. Desde 2008 eu recomendo sempre a mesma empresa. Não porque eu ganhe algo com isso, mas por tranquilidade. Fiz mestrado em engenharia de materiais, sobre espumas de poliuretano em cadeiras de escritório, então acho que posso recomendar alguma coisa.

Sempre tenho que conhecer o processo de produção, para entender como é pensado e desenvolvido cada produto. Tive diversas oportunidades na faculdade, em congressos e encontros de associações de classe, e visitei duas fábricas de cadeiras até hoje: a finada Giroflex nos tempos da faculdade e, recentemente, a Alberflex.

Não existe coisa mais fantástica para um designer, do que conhecer o processo de fabricação. O que me impressionou nessa visita, na fábrica em Sorocaba, foi que todos os componentes da cadeira são fabricados pela Alberflex, o que fornece uma garantia de qualidade e principalmente manutenção de cada peça.

Além disso, eles contam com uma ergonomista de peso para auxiliá-los no desenvolvimento de produtos: a Symone Miguez, da Ergosys.

E, acreditem, o atendimento da Janaina Camargo e do Paolo Saro, da Alberflex, justifica qualquer indicação.

A única empresa nacional que poderia fazer frente à eles, na minha opinião, seria a Flexform, com ex-funcionários da Giroflex entre seus quadros. Tentei contato insistentemente com eles para conhecer a fábrica, mas até hoje não obtive nenhuma resposta, mas nunca é tarde…