Muitas vezes o ergonomista vai encontrar desvios que não irão agradar a empresa. E sempre existe o risco dessa situação tornar-se contra o ergonomista. Existe como se proteger?

 

O Ergonomista que irá fazer uma avaliação terá como missão verificar como a empresa está adaptada aos seus funcionários e quais condições ela fornece para que eles se enquadrem no processo organizacional da empresa.

Não é missão do ergonomista encontrar um culpado, mas sim, permitir que os processos fortaleçam a produtividade e evitem ao máximo um problema de saúde.

Não raras são as vezes que, infelizmente, encontramos pessoas que inviabilizam o processo por diversos motivos, inclusive medo, insegurança ou simples birra, por mais incrível que isso possa parecer.

Jamais um ergonomista deve sugerir a demissão de qualquer pessoa, pelo contrário, é preciso recomendar que essa pessoa tenha a oportunidade de evoluir e hoje existem milhares de opções em treinamento, apoio psicológico, entre outros. Afinal de contas ela foi contratada com a esperança de melhorar ou substituir algum ponto na empresa.

Um relatório ergonômico, não tem o objetivo de criticar ninguém, apenas de apontar desvios que podem e devem ser corrigidos. Porém, como dizem nos filmes de ficção científica, essa ferramenta em mãos erradas podem gerar um conflito, onde, o ergonomista será crucificado.

Posso dizer que já passei por isso muitas vezes, sempre existe uma pessoa que não compreende o real objetivo da análise e pode comprometer seu trabalho e até sua carreira.

É por isso, que quando a empresa solicita uma AET ela deve estar ciente e comprometida a mudar, e nós ergonomistas devemos ser cada vez mais claros em relação a nossa responsabilidade e ao nosso compromisso, doa a quem doer.

É preciso que o ergonomista seja visto como aquele velho ancião das antigas aldeias, que alertavam porque queriam o bem e não para justificar sua posição.

Não cabe aqui aquele velho jargão “Falem mal de mim, mas continuem falando de mim.” Toda entrega final gera uma avaliação mútua que pressupõe quais pontos devem ser melhorados, ou quais ajustes devem ser realizados afim de atingir o objetivo esperado.

Não existe nada mais revigorante que entregar um trabalho e ser avaliado positivamente. Com certeza fará com que você o cite com orgulho e até o apresente como referência.

Mas e quando essa referência ao ser acionada para falar do seu resultado, indicada por você mesmo, passa uma imagem negativa, ao qual você nunca teve acesso?

É, no mínimo, anti-ético e imoral, pois em nenhum momento deu chance para você argumentar ou reparar algum erro cometido.

Sim, amigos, aconteceu comigo. É um desabafo. E, infelizmente, estamos todos sujeitos a isso.

Mas nada pode fazer com que você se sinta acuado a dizer a verdade ou ser o mais honesto possível sobre uma situação de trabalho, afinal, essa é um dos princípios éticos do ergonomista.

Como se proteger dessas situações? Nunca deixar dúvidas.